Cristãos Sinceros

Nos tempos que correm a nossa vida é particularmente marcada pelo stress, a pressa e o cansaço, levando a que tenhamos cada vez menos capacidade de encontrar tempo para estar com Deus. Para muitos de nós a nossa vivência cristã acaba por se tornar numa tentativa de cumprir obrigações e pouco mais. A nossa oração diária é, na verdade, uma forma como qualquer outra de “picar o ponto”, e a nossa ida semanal à igreja é apenas mais um de muitos deveres que nos sentimos aliviados após cumprir.

É verdade que é muito importante cumprirmos tudo aquilo que nos comprometemos a fazer com Deus, no entanto, não podemos deixar que o nosso primeiro amor se esfrie e que a nossa caminhada com Cristo se transforme num conjunto de obrigações que nos limitamos a cumprir, não tentando ir mais além com Cristo.

Devemos ter em atenção que a vontade de Deus é que tenhamos um relacionamento sincero com Ele, não com base na obrigação, no medo ou no interesse, mas assente no amor, na vontade de estar com Deus, de depender dEle e de O conhecer cada vez mais, vivendo segundo a Sua vontade e os Seus padrões, e não a nossa vontade e os padrões do mundo.

Deus procura verdadeiros adoradores: pessoas que  tenham uma comunhão sincera com Ele e que desejem viver de acordo com a Sua vontade.

Já todos nós passámos por alturas em que outras pessoas nos magoaram, humilharam ou foram injustas connosco. Nestas situações, não é o nosso corpo que fica ferido, mas sim a nossa alma. Estas feridas, embora muitas vezes não sejam visíveis do exterior, são as mais graves na medida em que são aquelas que demoram mais tempo a sarar.

Em termos práticos,  o que muitas pessoas acabam por fazer é isolarem-se física ou psicologicamente – guardam uma distância relativamente aos que os magoaram, esperando que assim a dor que sentem acabe por desaparecer.

Na verdade, todos nós esperamos ser sempre perdoados, mas quando chega a nossa vez de perdoar os outros, apenas conseguimos ver a injustiça daquilo que nos fizeram, a ferida que se formou dentro de nós.

O que diz Deus acerca do perdão? Nos Evangelhos, quando Lhe perguntaram quantas vezes deveríamos perdoar a um irmão, Jesus afirmou que devíamos perdoar setenta vezes sete. Isto não significa que devemos perdoar apenas quatrocentas e noventa vezes, mas sim que devemos perdoar todas as vezes que nos ofenderem.

Devemos também recordar-nos que graças ao sacrifício de Jesus na cruz, nós temos a possibilidade de ser perdoados dos nossos pecados, por muito graves que estes tenham sido. Assim, devemos interrogar-nos se o que nos fizeram é pior do que o que nós já fizemos contra a vontade de Deus. Depois de nos darmos conta de que nós já fizemos coisas muito mais graves, devemos então tomar a decisão de perdoar, que não significa remetermo-nos ao silêncio, mas sim ter a coragem de dialogar com os que nos ofenderam, tentando, na força de Deus, restaurar os relacionamentos que se romperam.

 

Uma Enorme Família

Todos aqueles que já aceitaram Jesus têm em comum o facto de terem sido feitos filhos de Deus. Para além disso, passam a ser parte de uma enorme família que se estende por todo o mundo – a Igreja.

A Igreja no seu todo é comparada a um corpo, do qual cada um de nós é um membro. E da mesma forma que um membro não consegue sobreviver sozinho, também não convém que os convertidos vivam isolados da Igreja: é necessário que convivam com irmãos na fé, de forma a que se possam edificar uns aos outros, ajudar em oração e crescer na fé.

No entanto, no presente verifica-se uma crescente tendência para a existência de desunião, e mesmo de rivalidade, não só dentro das Igrejas, mas também entre as diferentes Igrejas, mesmo entre as cristãs. As diferenças doutrinárias existentes levam à desconfiança entre as Igrejas, sendo que cada uma delas considera que está certa e que as restantes estão erradas.

No entanto, devemos ter em atenção que não temos o dever (e nem mesmo o direito) de julgar os outros cristãos. A Igreja de Cristo na sua totalidade tem como missão falar de Jesus àqueles que ainda não tiveram a oportunidade de O receber como Senhor e Salvador, trazendo mais almas para o Reino de Deus, e cada igreja possui as suas particularidades e chamado específico, da mesma forma que cada membro do nosso corpo tem a sua própria função, sendo indispensável para o equilíbrio de todo o corpo.

Um dia, quando Jesus vier, levará consigo, não uma igreja em especial, mas todos aqueles que verdadeiramente se entregaram a Ele de todo o coração.

 

Reconciliação

Existem várias passagens na Bíblia que afirmam que o ser humano se constituiu inimigo de Deus (veja-se como exemplo Romanos 5:6-10). Somos inimigos de Deus quando:

– Fazemos alguma coisa que sabemos que não agrada a Deus.

– Somos agressivos com os filhos de Deus ou com a criação.

– Apoiamos ou aplaudimos o trabalho do diabo.

– Mostramo-nos publicamente como inimigos de Deus.

Esta inimizade com Deus remonta desde a queda de Adão, que veio separar o homem de Deus. Sabemos que, no que diz respeito à nossa própria natureza, não somos merecedores da salvação, não porque o pecado de Adão tenha por si só repercussões na nossa vida, mas sim porque herdámos a sua natureza pecaminosa. De facto, podemos pensar que conseguimos conduzir-nos em santidade pelos nossos próprios meios, mas só podemos pensar isso quando nos comparamos com as outras pessoas, que são, tal como nós, falíveis. Quando nos comparamos com Deus, que não tem pecado, percebemos que não somos merecedores da compaixão de Deus.

A verdade é que o ser humano consegue ele próprio fazer boas obras, no entanto, não consegue deixar de fazer o mal sem a ajuda de Deus.

Contudo, o amor de Deus por nós excede todo o nosso entendimento, pelo que Deus enviou Jesus para morrer no nosso lugar, para que nós nos pudéssemos reconciliar com Deus.

Reconciliação significa “fazer algo de uma maneira diferente”, e tem como objectivo voltar a unir-nos com Deus, invertendo a nossa rebelião contra o Pai. No entanto, vários obstáculos se levantam contra a reconciliação. De entre estes destacam-se o orgulho e a vergonha que, embora sejam muito diferentes entre si, possuem o mesmo efeito: afastar-nos de Deus. De facto, se por um lado o orgulho afirma que o ser humano não precisa de Deus, a vergonha diz-nos que não somos merecedores do amor de Deus.

Quando pensamos em reconciliação, deve vir-nos logo à ideia a cruz, onde Jesus morreu no nosso lugar para remissão dos nossos pecados. Deus é amor, mas também é justo e santo, e foi, como tal, na cruz que os nossos pecados foram perdoados sem que as normas de santidade de Deus fossem postas em causa.

Jesus é a porta que nos leva ao Pai, mas existem outras portas que tentam captar a nossa salvação e que nos prometem a felicidade, como o poder, o prazer e a paixão. Essas portas, no entanto, nada podem fazer por nós, pois só Deus é que pode verdadeiramente satisfazer as nossas necessidades. Assim, podemos concluir que o pecado (que rompe a nossa relação com Deus e com os outros) é a procura daquilo que só Deus nos pode dar nos lugares errados.

A decisão de aceitar Jesus é nossa, e Deus nos ama tanto que nos dá o livre arbítrio para escolhermos ou rejeitarmos a salvação. De facto, Deus fará tudo o que seja preciso para sermos salvos, excepto forçar-nos a aceitar a salvação.

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